O local de trabalho no qual tantas vezes o advogado Itomar Espíndola Dória recebeu clientes, no município de Taquari, se transformou, no começo da tarde desta segunda-feira (17), num ato de desagravo público liderado pela OAB/RS. Mais do que isso, foi uma manifestação pública de resistência da advocacia brasileira, inconformada com o covarde assassinato de Dória, morto no dia 12 de dezembro após ser alvejado por tiros. O autor do crime ainda está foragido.Tendo ao fundo a placa de madeira fixada na parede, identificando ser o escritório de Itomar Espíndola Dória, o presidente da OAB/RS, Ricardo Breier, lembrou que se trata de um gesto covarde com o advogado taquariense. “O que aconteceu aqui representa, sim, um forte ataque à advocacia e à cidadania”, reforçou. Sob um sol escaldante, com alguns dos presentes protegidos num gazebo, em razão do calor, o presidente da Ordem gaúcha revelou estar num misto de emoção e indignação. “Não vão calar a advocacia. Não pensem que vão intimidar nossa instituição. Não vão restringir o bem maior da nossa profissão, que se chama prerrogativa”, assegurou.Breier lembrou que a Ordem gaúcha acompanha o caso com toda a atenção, levando solidariedade aos familiares e mantendo contato permanente com autoridades públicas, como com o secretário estadual de Segurança, Cezar Schirmer. “Vamos seguir firmes e fortes, não vamos deixar esse fato passar sem esclarecimentos”, acrescentou.O presidente da Comissão de Defesa, Assistência e das Prerrogativas (CDAP) da OAB/RS, Eduardo Zaffari, leu o desagravo público, lembrando que o local de trabalho é um ambiente sagrado. “Advogados gaúchos e brasileiros jamais temeram arbítrio, prepotência e violência. A advocacia não está disposta a tolerar quebras de direitos garantidos pela Constituição Federal”, sublinhou. “Não temos medo. Em respeito à memória do colega, não podemos deixar esse crime impune”, acrescentou Zaffari.Falando em nome da advocacia local, a presidente da subseção de Taquari, Maricel Pereira de Lima, destacou que houve um atentado aos operadores de Direito, ao Estado e à sociedade brasileira. “Essa morte não será esquecida. Estamos falando de um ataque à Constituição em razão do advogado ser considerado indispensável à administração da Justiça”, lembrou.A presidente da subseção também leu um ofício enviado pelo presidente da OAB Nacional, Claudio Lamachia. Ele não conseguiu estar presente em razão de compromissos firmados anteriormente, mas fez questão de assegurar que a apuração das investigações do advogado assassinado é uma prioridade para o CFOAB. “Nós jamais nos deixaremos intimidar. Não nos renderemos à tirania das armas. A barbárie não vencerá o Direito. Os inimigos da liberdade não triunfarão”, salientou, levando solidariedade aos familiares e colegas de Dória. Falando em nome da família, um dos filhos de Itomar, Gabriel Dória, destacou que seu pai sempre foi um homem honrado, trabalhador, honesto e dedicado a tudo que fazia. “Foi um ato de crueldade e covardia. Tentaram nos intimidar. Afirmo com convicção: não sabem com quem estão lidando”, desabafou. Gabriel fez questão de agradecer o apoio que a família está recebendo, bem como à solidariedade prestada pela OAB/RS e pela subseção de Taquari.O desagravo em Taquari também contou com a presença do tesoureiro da OAB/RS, de presidentes de subseções e conselheiros seccionais, familiares, colegas, da advocacia pública, de amigos e clientes de Itomar Espíndola Dória.
Fonte: OAB Rio Grande do Sul